quinta-feira, 30 de novembro de 2017

A Maresia e o sargaço dos dias

Mar


Bebo-o a colherinhas de olhos
na taça da manhã.
E nem ele se esgota,
nem eu me sacio.

Imagem no espelho
raiz de pedra,
corpo de vento,
olhos de água.
Assim sou
entre pássaro, flor e mágoa.



Manhã

Manso, manselinhamente,
as águas retiradas
começam a lamber as areias.

Maré de beijinhos



Armas*

Do mar

Um barco, embalo de sonho, na noite.
Uma vela a desfraldar a alegria, na antemanhã.
Uma poita para ancorar o meu coração às águas.

Da beirada

A ganha-pão colho a esperança dos dias, na espuma da maré.
Com a graveta entressacho lembranças com lírios das dunas.
A carrela é o meu andor de afectos a não perder.



Luísa Dacosta
“A maresia e o sargaço dos dias”




* Em A-Ver-o-Mar chamam-se armas aos instrumentos de trabalho.







última atualização:
1.12.2017.

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BioBibliografia 2018

Biografia : Sou reformado do Comércio & Serviços e dedico os tempos livres que, logicamente, são todos os momentos do dia e da noite,...